terça-feira, 30 de setembro de 2008

Instinto social;

Organizaremo-nos em matilha para rugir por aí nossas reivindicações sem sentido enquanto caçamos os mais fracos. Sobrevoaremos os derrotados e tiraremos deles tudo que lhes resta. Para depois voltarmos resignados à casa de nossos donos. Gorjearemos a vitória por sobre o urro dos infelizes. Chafurdaremos em mentiras e deglutiremos calúnias, enquanto esperamos que nos ofereçam restos. Trocaremos de pele e até de cor para fingir ser o que não somos, e até o que não queremos ser. Criaremos espinhos e conchas grossas para a nossa proteção. Marcaremos todos os lugares possíveis com o cheiro azedo de revolta. Mergulharesmos em caos e utilizaremos de nossa habilidade de sobreviver debaixo dele, até percebermos que não podemos sair de lá porque decerto morreríamos.

domingo, 28 de setembro de 2008

Liberdade;

Surtar, gozar da loucura por alguns instantes, libertar-se das suas próprias fronteiras e descobrir o mundo até então oculto por sua própria burocracia. Alegrar-se, e perceber que esse mundo até então fora do seu alcance é bom, mas abdicar dele para que não se torne comum e maçante. Voltar a si, e sentir vontade de surtar de novo, porque a sensação da loucura o viciou de tal forma que não dá mais pra esquecer. Você precisa tragá-la, cheirá-la, fazer com que ela corra por suas veias, para só então perceber que destruiu aquele mundo novo que era só seu.

obs: isso foi escrito a mais de um ano atrás. Sinceramente, eu não sei com o que tava na cabeça... Mas não me pareceu nada bom.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Verbalizando;

Quando eu nasci o médico teve a felicidade de dizer que eu era uma criança perfeita. O tempo foi passando e essa qualidade divina parecia não ser mais compatível com a menina desleixada que esquecia tudo por aí, ou a uma pré-adolescente de personalidade revoltada. A perfeição vai sumindo à medida que o tempo passa, isso não há como negar. Certo publicitário um dia sintetizou todo esse pensamento em um comercial de chocolate: "Se o que sobrar de cada um for suficiente para os dois..." então aquela relação perdurará. É necessário conhecer os defeitos para gostar de alguém. Aquela velha história de que quem nos ama conhece nossos defeitos, e por mais que não goste de todos, os suporta. Suporta porque vê em você todas as qualidades, e perto de tantas delas os defeitos parecem ínfimos. Também acaba amando aquelas suas imperfeições que fazem de você... você! Portanto eu irei brigar por besteira, chamarei de chatonildo, direi que é pálido demais, que é correto demais, mas amarei cada uma dessas qualidades-defeito pelo simples fato de pertencerem a você.

obs: Parece tudo desconexo nesse post, eu sei.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Biblioteca;

Estava hoje sentada no chão da biblioteca (por pura preguiça de puxar uma cadeira) e procurava livros para servir de base para alguns trabalhos escolares. No entanto, como acontece sempre que eu vou até a biblioteca, me detive em vários livros que não tinham absolutamente nada a ver com o que eu deveria fazer. Certo, até aí tudo bem. Mas já pararam para observar a imensa variedade de pensamentos contidos em uma única biblioteca? São livros de física, matemática, literatura, religião... Uns completanto um outro que não possui aquela informação, outros falam exatamente o contrário do que tem escrito naquele livro interessante, tem aqueles que você precisa de outro pra ler a continuação e estão sempre juntos na prateleira. Tem livros grandes, de bolso, com páginas amarelas, remendados e aqueles com capas belíssimas que nos chamam atenção logo de cara. Daí eu fiquei lá imaginando, fazendo minha comparação completamente metafórica entre livros e pessoas. Os livros que se completam seriam como os amigos, aqueles que podem até estar em prateleiras distantes, mas sempre tem um assunto em comum que os une. Aquele "não sei o quê" que te faz conversar horas e horas, conviver meses e meses, anos e anos, e nunca enjoar daquela pessoa, porque ela te completa e te faz feliz, mesmo que não esteja sempre tão perto. Aqueles que têm algo absolutamente oposto ao outro você pode imaginar imediatamente que seriam inimigos, mas não necessariamente. Opiniões diferente nem sempre são sinônimo de inimizade, elas estão lá para nos fazer refletir, para que não achemos que só há uma verdade (a nossa, no caso). Os livros que vem divididos são aqueles que não existem um sem o outro, que estão sempre juntos, que não fazem sentido se lidos sozinhos. Seria aquela pessoa que lhe acompanharia pro resto da vida, que lhe completaria as idéias. Um livro que mesmo que retirado da prateleira por alguns instantes, e deixado longe de seu par, voltaria àquele exato lugar. Pois é, amigos, como eu já havia dito, existem muitos pensamentos contidos em uma única biblioteca, hoje eu deixei lá este meu pensamento.

domingo, 21 de setembro de 2008

Epitáfio;

Aqui jaz alguém que viveu seus dias cheio de planos futuros, era um sonhador de pés no chão. Desejava viajar para longe e encontrar alguém que sempre considerou especial, demonstrando de uma vez e em poucos dias o afeto que sentia. Gostava das matérias mais exatas, e brincava de quantificar as coisas mais absurdas; esperava assim, mesmo que utopicamente, poder criar uma fórmula matemática com o seu nome. Trocava de objetivos como os vaidosos trocam de roupa, embora tivesse o cuidado de sempre manter os mais importantes. Desejava um lugar pequeno, apenas o essencial para viver bem. Mudava o cabelo com regularidade para assim saciar a vontade do novo e não trocar de essência. Falava verdades importante e mentia coisas idiotas. Agredia com palavras fingindo não gostar, mas sorria e chorava com sinceridade. (...) Uma pena que o tempo não se extende mesmo para os que sonham demais.

sábado, 20 de setembro de 2008

Vivendo;

Comecei a escrever pois já não aguentava mais o vislumbre do papel branco (sim, ainda destruo as florestas em prol do simples prazer de deslizar o grafite sobre a folha alvíssima), talvez porque ele me lembrasse de que tenho coisas a fazer. E tenho. Tenho muitos papéis para preencher com minha letra redonda. Papéis até demais. Tantos que chego a me perguntar se conseguirei, mas sempre me dou conta de que ninguém consegue. Ninguém escreve em todas as folhas porque simplesmente não sabem o que escrever em algumas, travam, ficam presos ao que já escreveram e até mesmo ao que iam escrever, mas perceberam que teriam de continuar por muito mais capítulos até chegar lá, e sabem que a mão cansa. É por isso que pulam essas folhas de conteúdo duvidoso e as deixam em branco, e lá elas ficam, buracos de incompreensão deixados no meio da história. Alguns conseguem retornar àqueles pontos e preenchê-los, enchendo sua história de um significado maior. Outros acabam a história de modo confuso, cheia de idéias incompletas. Mas todos, sem excessão, acabam.

Depois dessa acho que já posso começar a escrever um livro de auto-ajuda.

obs.: sim, eu odeio livros de auto-ajuda.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Beauty;

E se eu fosse mais alta, mais magra, tivesse mais peito, mais bunda e menos barriga? Se meu nariz fosse menor, minha boca mais grossa e minha sobrancelha mais fina? Se eu não usasse óculos, muito menos aparelhos e aquele culote não fosse tão aparente? Se não tivesse nem estria, nem celulite, nem espinha? Eu com certeza ficaria mais feliz, embora tente me convencer o tempo todo do contrário ou até mesmo tentar encontrar vantagens do meu estado estético deplorável. Mas a verdade, caros amigos e amigas, é essa: não há vantagem alguma em ser feia. Ou pelo menos eu não encontrei nenhuma. A triste realidade é que pessoas feias têm dificuldade para se encaixar, ao passo que as bonitas são facilmente incorporadas ao grupo mesmo não tendo lá uma comunicabilidade muito boa. Pessoas bonitas são admiradas antes mesmo de abrirem a boca; e embora falem besteira, esta última acaba ofuscada pela aparência deslumbrante. Pessoas bonitas, com uma frequência bastante grande, possuem admiradores(as) que passam bastante tempo a lhes bajular e, vamos combinar, isso é bom para o ego de qualquer um. Aqueles mais favorecidos pela natureza encontram pares igualmente mais favorecidos, enquanto os outros têm de se contentar com o que sobra, simples e medíocres assim como eles. Os feios, além da óbvia desvantagem de não serem bonitos, tem de ouvir frases do tipo: "Ah... é tão inteligente, mas é tão feinho(a)". É por isso, meus amigos feios e feias de todo o país, que buscamos incansavelmente a beleza. Não é para nos satisfazermos, como insistem em dizer os livros de auto-ajuda. É para satisfazermos aos outros.