sábado, 28 de fevereiro de 2009

Vício;

A mente gira acompanhando o balançar cadenciado do corpo que move ao som desconhecido de você, que segue o cheiro imaginado de você e procura em vão a pesença mínima de você. E nos olhos lacrimejantes estão escorrendo sentimentos por você, rola pelo rosto a vontade de você atada à lagrima chorada a você. E as palavras balbuciadas são os desconhecidos sonetos para você, palavras que, perdoe-me, desconheço pois sairam de um coração dopado de você. Agarrei-me à latrina num assomo de sobriedade e lá deixei que as palavras saíssem totalmente do coração e os sentimentos secassem dos olhos, vomitando tudo de você. No outro dia, voltei a mim.
- Tudo bem?
- Acho que bebi demais.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Vida;

s.f. O resultado da atuação dos órgãos que concorrem para o desenvolvimento e conservação dos animais e vegetais: condições necessárias à vida. / Espaço de tempo compreendido entre o nascimento e a morte: vida curta. / Conjunto de condições (habitação, alimentação, vestuário etc.) socialmente necessárias à preservação do homem: a vida está cara. / Maneira de viver: vida urbana, vida agitada. / Biografia: a vida de Machado de Assis. / Profissão, ocupação, emprego: vida de médico. / Estar sempre sorrindo: vida com você.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Vai ser assim;



E qual o problema? Eu vou te amar assim, mesmo distante, mesmo estranho, mesmo inconstante. Vou te abraçar assim, mesmo de brincadeira, mesmo irreal, mesmo por besteira. E vou te beijar mesmo sonhado, por mais que achem errado. Qual é mesmo o problema?

...!

Apareceu na casa que a muito não visitava, por vergonha ou medo. Tocou a campainha de som estridente enquanto sentia o cheiro de pintura nova da porta que, ironicamente, havia mudado de um vermelho desbotado para o verde que ela mesma havia sugerido por brincadeira certa vez.
- Não me odeie.
Foi o que falou logo que ele abriu a porta, tinha pressa de ser perdoada e sua afobação não permitiu ao rapaz realizar as formalidades típicas de um encontro daqueles. Não a convidou para entrar, muito menos lhe ofereceu um café ou chá, nem biscoitos de leite.
- Já odeio.
Resumiu os sentimentos em duas palavras enquanto arrumava a posição da mochila que tinha pendurada sobre as costas, levemente molhada pelos respingos dos cabelos recém-lavados, que tinham uma fragrância artificial típica daqueles produtos. Estava de partida.
- Me ame.
A voz parecia ir sumindo, enquanto ardia o nariz e a região dos olhos. Não queria chorar naquele dia, estava no banco dos réus e não tinha a mínima intenção de virar o jogo. Difícil porém resistir às intenções do próprio corpo quando sentiu o afago da mão daquele com quem outrora dividira os planos de toda uma vida em seus cabelos.
- Já amei.
A decisão na voz dele e a seriedade de seu semblante a paralisaram. Ele falava a verdade, ela conseguira destruir tudo pelo qual sofrera tanto para conseguir, e agora não restava mais nada a fazer. Agarrou-se à cintura dele com toda a força que ainda lhe restava, enterrando o rosto na camisa que ele usava. Queria sufocar uma perda tão definitiva, mas as palavras mesmo abafadas saíram de seu interior quase sem que pudesse controlá-las.
- (...)!