segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Bachelorette;

Apenas eu e o pulsar do meu próprio coração nos ouvidos, aceleradamente. Meus passos e a noite viajavam em um tropel nervoso, desafiando o tempo em sua dureza implacável a seguir-nos. Por súbita dormência meus pés pararam, e a dor revigorante de meu martírio tomou-lhes conta da carne. Ah! que mais podia eu desejar senão as lágrimas que me tomaram os olhos, pondo em matéria meus sentimentos? A simples demonstração do grandioso retumbar de meu peito. Pois que eu não podia deixar de fazê-lo ao vislumbrar tamanha prova de amor. Numa clareira crescia uma árvore de porte inigualável. Nada nascia próximo suas raízes entranhadas no solo, cancerosamente tomando-o as forças. Seus galhos retorcidos, devotamente erguidos na direção do firmamento nada faziam para aproximar-se de outros iguais. Crescia, era visível, toda em direção à luz. E que poderia ser mais triste e mais bonito? Tão longe estava do impassível sol, e ela nada sabia, em seu altruísmo, da grandiosa distância que os separava. Morria só. Contente apenas de ter o calor de seu amado dia a dia mais próximo, sem nunca experimentar a nirvânica sensação te tê-lo entre seus galhos e ser consumida por ele. Caí de joelhos no chão estéril, arrastando-me até tamanha beleza e tomei-lhe o enegrecido tronco nos braços. Oh! Que dor lancinante me tomava a alma, tornando meu corpo sadio quase enfermo. O sofrimento corrosivo de entender o inintendível para aquela criatura. A angústia gélida de entender o significado da dolorosa palavra. Impossível.

"I'm a tree that grows hearts,
one for each that you take.
You're the intruder hand,
I'm the branch that you break."
[Bachelorette - Björk]