domingo, 1 de fevereiro de 2009

...!

Apareceu na casa que a muito não visitava, por vergonha ou medo. Tocou a campainha de som estridente enquanto sentia o cheiro de pintura nova da porta que, ironicamente, havia mudado de um vermelho desbotado para o verde que ela mesma havia sugerido por brincadeira certa vez.
- Não me odeie.
Foi o que falou logo que ele abriu a porta, tinha pressa de ser perdoada e sua afobação não permitiu ao rapaz realizar as formalidades típicas de um encontro daqueles. Não a convidou para entrar, muito menos lhe ofereceu um café ou chá, nem biscoitos de leite.
- Já odeio.
Resumiu os sentimentos em duas palavras enquanto arrumava a posição da mochila que tinha pendurada sobre as costas, levemente molhada pelos respingos dos cabelos recém-lavados, que tinham uma fragrância artificial típica daqueles produtos. Estava de partida.
- Me ame.
A voz parecia ir sumindo, enquanto ardia o nariz e a região dos olhos. Não queria chorar naquele dia, estava no banco dos réus e não tinha a mínima intenção de virar o jogo. Difícil porém resistir às intenções do próprio corpo quando sentiu o afago da mão daquele com quem outrora dividira os planos de toda uma vida em seus cabelos.
- Já amei.
A decisão na voz dele e a seriedade de seu semblante a paralisaram. Ele falava a verdade, ela conseguira destruir tudo pelo qual sofrera tanto para conseguir, e agora não restava mais nada a fazer. Agarrou-se à cintura dele com toda a força que ainda lhe restava, enterrando o rosto na camisa que ele usava. Queria sufocar uma perda tão definitiva, mas as palavras mesmo abafadas saíram de seu interior quase sem que pudesse controlá-las.
- (...)!

2 comentários:

Unknown disse...

Eu queria que tu tivesse aqui para ver os meus pelinhos arrepiados ao ler este texto! .__.

Lohanna Savino disse...

CARALHO, esse foi simplesmente o melhor texto q vc fez doido *___*
to passada o/